sexta-feira, 18 de abril de 2014

"É MUITO IMPORTANTE FALAR COM O PRS", DIZ Domingos Simões Pereira


A direção do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, vai reunir esta sexta-feira (18.04) para discutir a formação do futuro Governo da Guiné-Bissau, eleito nas legislativas de domingo (13.04.).
O PAIGC venceu as eleições legislativas com maioria absoluta, o que lhe dá a possibilidade de ocupar 55 dos 102 lugares da Assembleia Nacional Popular.

A DW África falou esta quinta-feira (17.04) com Domingos Simões Pereira, que será indicado pelo partido vencedor para o cargo de primeiro-ministro.

DW África: Como será o futuro Executivo guineense?

Domingos Simões Pereira (DSP): Vamos ter um Governo que resultar da ponderação que o PAIGC irá fazer dos resultados que tem e, em função dessa ponderação, os órgãos competentes do PAIGC irão instruir no sentido da auscultação que vamos lançar, um diálogo inclusivo, esperando que, no final, resulte o melhor Governo possível para a Guiné-Bissau.

DW África: Teremos membros da oposição no Governo?

DSP: Eu vou ouvir primeiro as estruturas competentes do partido e logo a seguir daremos conhecimento daquilo que forem as orientações. Penso que será esse o pressuposto para o Governo que nós pensamos que será um Governo de estabilidade, independentemente de outros aspetos que o possam acompanhar.

DW África: O que significa que vamos ter elementos do PRS no seu Governo, já que existe este diálogo entre os dois partidos?
DSP: Para nós, é muito importante falar com o PRS até porque, até prova em contrário, será o segundo maior partido político da Guiné-Bissau, mas, para nós, é igualmente importante respeitar e considerar todas as demais formações políticas. O que nós eventualmente iremos lançar irá incluir todas as formações políticas e mesmo as estruturas da sociedade civil que nós entendemos importantes para reforçar a qualidade do futuro da governação.

DW África: Nestas legislativas, o PAIGC perdeu 10 deputados em relação às últimas. Isto significa que o PAIGC não saiu tão coeso do seu último Congresso?

DSP: Nós reconhecemos sempre que o período que ia do fim do Congresso ao pleito era um período demasiado exíguo para sarar todas as feridas e, por isso, é perfeitamente normal nós chegarmos a este ponto e ainda termos um sentimento de que aqui e ali era possível fazer melhor se houvesse uma maior coesão dentro do partido. Contudo, enquanto militantes e responsáveis do partido, temos a obrigação de pôr o partido em primeiro lugar antes de nos tentarmos redimir pelas nossas diferenças. E é o que nós vamos exigir e esperar de todos os militantes e de todos os dirigentes do PAIGC.
DW África: Mesmo assim, o partido perdeu terreno em relação às últimas legislativas que Carlos Gomes Júnior ganhou com 67 deputados...

DSP: A única coisa que eu gostava de dizer é que eu tenho [a convicção] e vou guardar [essa convicção] até me provarem o contrário de que os atuais resultados são os melhores possíveis perante as atuais circunstâncias.

DW África: Será que existem condições de segurança para a realização da segunda volta? E durante a primeira, os candidatos do PAIGC não foram intimidados por ninguém?
DSP: No dia 8 de Março, na primeira conferência que nós fizemos aqui, apelámos a que todas as entidades não diretamente envolvidas em partes do processo eleitoral se mantivessem à margem do processo. E tudo o que nós temos vindo a fazer é reforçar esse sentimento com o apelo a que o processo beneficie da maior transparência e da maior isenção de todas as entidades não diretamente implicadas. Com esta referência, eu gostava de dizer que só registámos um caso. Tivemos a informação oficiosa, ainda esperamos os trâmites da sua confirmação oficial, de que em Bafatá houve uma situação de alguma ameaça junto de responsáveis do nosso partido. Essa ocorrência foi reportada às estruturas das Nações Unidas.

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