quinta-feira, 22 de maio de 2014

"PENSEI: VÃO-NOS MATAR A TODOS", DIZ MENINA QUE FUGIU AO BOKO HARAM


Uma rapariga que conseguiu escapar ao cativeiro do grupo radical, no nordeste da Nigéria, critica a polícia e os professores por não terem feito mais para impedir o rapto de quase 300 colegas em meados de Abril.

Esthér (nome fictício) foi uma das vítimas do ataque do grupo radical islâmico Boko Haram contra uma escola na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria. A 14 de abril, membros do grupo raptaram quase 300 meninas e levaram-nas para lugar incerto.

"Quando fui sequestrada, pensei: isto é o fim da minha vida. Vão-nos matar a todas! Só conseguia pensar nisso", diz. Esthér.

Mas a jovem conseguiu fugir. Escapou para a floresta num momento de distração dos guardas do Boko Haram. Depois voltou para o colo da família. Mas o trauma é grande e a família não recebeu qualquer apoio das autoridades. "Não consigo dormir, pois estou constantemente a pensar nos malfeitores", conta.

Professores acusados
223 colegas de Esthér estão ainda em cativeiro, em parte incerta. O Boko Haram ameaçou vender as raparigas. As autoridades nigerianas continuam a procurá-las, agora com a ajuda dos Estados Unidos da América, Reino Unido e França.

Na escola em Chibok havia guardas para proteger as meninas, mas eles não conseguiram impedir o seu sequestro. Esthér responsabiliza-os pelo que aconteceu. E responsabiliza também os professores. O diretor-adjunto terá mesmo trancado as portas do estabelecimento de ensino quando chegaram os homens armados do grupo radical.

"Os professores fugiram todos e deixaram-nos abandonadas na escola", diz a jovem em entrevista à DW África.

Sentimento de impotência
Os pais de Esthér não entendem como isso pôde acontecer. Ainda há muitas perguntas por responder. O pai de uma rapariga que está há mais de um mês nas mãos do Boko Haram queixa-se da falta de apoio do Governo nigeriano às famílias afetadas.

"O que sabemos é através da comunicação social. Ninguém do Governo nos abordou, ninguém nos forneceu qualquer informação sobre as nossas filhas", diz.

Os pais das rapatigas dizem ter perdido a confiança no Governo nigeriano. Sentem-se impotentes. Por isso, esperam que alguém os ouça fora da Nigéria. Acreditam que só com apoio internacional poderão encontrar as suas filhas.

DW.DE

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