quinta-feira, 26 de junho de 2014

O ENG. DOMINGOS SIMÕES PEREIRA, NOMEADO 'POR DECRETO PRESIDENCIAL Nº 034/2014' PRIMEIRO-MINISTRO DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU (ESTE DECRETO ENTROU IMEDIATAMENTE EM VIGOR)

Biografia

Nasce em Farim, Guiné-Bissau, a 20 de Outubro de 1963, ano do início da Guerra armada de libertação nacional. Filho de pai agricultor, pequeno proprietário forçado a abandonar a propriedade devido ao início da guerra. A demora em concretizar tal exigência da administração colonial é considerada indicativa da sua relação com os “terroristas”, o que lhe
irá valer 3 anos de prisão pela PIDE-DGS.

Segue para Bissau e logo depois, em 1969, para Cacheu, onde frequenta o ensino primário, sob orientação do reputado Professor Domingos Mendonça, tio e desde então seu principal mentor.

Cacheu, até então considerada uma localidade relativamente tranquila, já era palco de intensas movimentações militares e, por consequência, aportando bastantes ensinamentos sobre o momento político que se vivia.

Com o fim do ensino primário, chega a transferência para Bissau e o confronto com as intensas movimentações dos agentes da administração colonial já em preparação de retirada. Tinha soado o 25 de Abril e então, a independência unilateralmente proclamada pelo PAIGC nas zonas libertadas iria ser efetiva para o conjunto do território e para todo o povo guineense.

Nesse mesmo ano, 1974, integra um dos primeiros grupos de pioneiros que, no Liceu Nacional Honório Barreto, rebatizado de Kwame N’krumah (LNKN) e sob a monitorização de Adriano Ferreira e Hélder Proença, dava os primeiros passos na disseminação da nova ideologia e orientação políticas.

Todavia, só em 1979, através das palestras organizadas tanto quinzenalmente no LNKN como aos sábados na sede do partido, se sentirá atraído e finalmente interessado nos assuntos políticos, assumindo, então, a adesão ao partido através do núcleo da JAAC do Liceu.

Em Fevereiro de 1981 ano em que viria a terminar o Ensino Liceal, com distinção, ao pertencer à lista dos dez melhores alunos do Liceu e que integraram permanentemente o quadro de honra no curso complementar (sexto e sétimo anos) vê-se numa Manifestação Estudantil tumultuosa.

Com a conclusão do ensino Liceal, e devido à atividade que já desenvolvia no núcleo da JAAC do Liceu Kwame Nkrumah, é selecionado para professor de formação militante no Liceu, o que assume para o curso noturno, enquanto que, durante o dia, leciona matemática no então Centro de Formação Técnico Profissional (Escola Técnica) e na Escola dos Técnicos da Saúde (Enfermagem).

Em 1982 beneficia de uma Bolsa de formação para a URSS e lá, integra naturalmente a Associação dos Estudantes da Guiné Bissau, organização que acaba presidindo na sua subcomponente local da cidade de Odessa.

Em 1988, a data da graduação e outorga do diploma de Engenheiro de Construção Civil e Industrial vai coincidir com a notícia da trágica morte do irmão Bartolomeu SP, o que força o regresso imediato ao país apesar de antes haver programado continuar por mais dois anos e concluir o mestrado enquanto aguardaria pela noiva, então à mesma distância do fim do respetivo curso.

Era uma situação difícil de enfrentar para o jovem Engenheiro de 24 anos, por esse motivo, após 2 meses de permanência em Bissau, no Ministério das Obras Públicas, parte para Cacheu, para trabalhar na CUP - Cooperativa Unidade e Progresso, uma das maiores empresas de construção na época, e concluir as 4 residências geminadas a tempo do IV Centenário.

Lá, conhece o então Governador Samba Lamine Mané, o irmão Manuel Alaje Mané, o tio Kau Sambu, o Comandante Gazela, o Administrador Arlindo Pires e o Filipe (que vem a ser Cônsul da Guiné-Bissau em Ziguinchor) e outros que visitavam Cacheu mais esporadicamente, como o Sr. Luciano Ndau e o Ministro Provincial Mário Cabral. É em Cacheu que assume uma militância mais ativa no PAIGC e, por solicitação do tio Kau, passa a promover à noite, seminários de superação sobre a componente histórica e política dos festejos em preparação.

De volta a Bissau é nomeado Diretor Geral Adjunto da CUP e, nessa qualidade participa em 1990 no Primeiro Ciclo de Formação do PAIGC visando a abertura democrática. São os principais companheiros deste programa o Francisco Mansoa, então Diretor da Escola do Partido, o Koumba Yala Kobde Nhanca, a Francisca Vaz Turpin e o Spencer (De Mansoa).

Entretanto ganha uma bolsa de mestrado para o exterior, e até 1994 permanece nos EUA, na Universidade Estatal de Fresno, onde conclui o programa de Mestrado em Ciências Técnicas da Engenharia Civil na especialidade de estruturas.

Regressa à Guiné Bissau em Julho de 1994, e acompanha os últimos dias da campanha eleitoral para as primeiras eleições multipartidárias do país. Terminado o pleito, recebe o convite do Ministro Alberto Lima Gomes para reintegrar os quadros do Ministério das Obras Publicas.

Meses antes da eclosão do conflito de 1998 é ainda chamado a acumular a Direção Nacional da Viação e Transportes Terrestres, o que faz até à chegada e imposição do novo regime.

Forçado a abandonar o Ministério por pretensas incompatibilidades com o novo regime, é recrutado pela Célula de Apoio ao Ordenador Nacional do Fundo Europeu para o Desenvolvimento e, sob a direção do Sr. Filinto Barros é o encarregado do dossier Infraestruturas.

Fica por pouco mais de um ano pois logo a seguir participa e ganha um concurso do Banco Mundial transferindo-se para o Projeto de Reabilitação e Desenvolvimento do Sector Privado. Ocupa-se dos transportes e comunicações, nomeadamente da renegociação dos Contratos de concessão das telecomunicações, dos portos e do acordo aéreo com Portugal, mas também assiste o governo na estruturação da agência de regulação e no licenciamento da primeira licença de celulares no país.

A nível Partidário, retoma de forma ténue as atividades no Secretariado do PAIGC e acompanha à distância o congresso realizado na Base Aérea. Um congresso muito polémico mas de extraordinária riqueza pela profundidade das discussões ai produzidas apesar de então patente o nível da fragmentação interna.

Em 2002 participa, pela primeira vez na qualidade de Delegado eleito nas bases, no célebre Congresso da UDIB que consagra a eleição de Carlos Gomes Júnior à liderança do partido.Havia integrado a equipa de apoio a um candidato derrotado, e recusa subscrever a petição de impugnação do congresso proposto por alguns camaradas. Esta situação vai produzir desconforto em alguns companheiros, o que o leva a prescindir por requerimento oficial do lugar de membro do Comité Central para que havia sido eleito.

Vivia-se um período bastante turbulento sob o consulado do Presidente do PRS que, após 3 Primeiros-ministros e sob ameaça de impugnação parlamentar, destituiu o parlamento e anunciou a formação de um governo de unidade nacional.

É então chamado a integrar o governo e na mesma manhã nomeado Ministro das Infraestruturas Sociais sem ter podido esclarecer a situação com o seu partido e com a chefia do Projeto do Banco Mundial no qual trabalhava. Apesar do aval posterior desta instância, a ligação durou somente 4 meses. Diferenças irreconciliáveis, de visão e perspetivas, com o então Chefe de Governo, levam a sua exoneração.

Compreende na altura a necessidade de reforçar a sua presença e participação nas estruturas partidárias e decide transferir a sua militância política para a Base de Farim.

É nesse contexto que integra a equipa do Secretariado Regional na preparação e acompanhamento das eleições legislativas e presidenciais de 2004.

Com a vitória do PAIGC, é chamado de volta ao governo e assume as funções deMinistro das Obras Públicas. O país ganha dinâmica e a normalização de relações de parceria e cooperação com as instituições internacionais permite relançar vários programas, dentre os quais o da construção da Ponte de São Vicente, as vias urbanas de Bissau, a manutenção da rede prioritária, para além da conclusão das obras do palácio do povo.

Foi um período auspicioso na governação e consequentemente no país. Respirava-se confiança e os indicadores apontavam para a recuperação económica através do crescimento e a estabilização democrática. Mas, afinal essas reformas e todos os indicadores positivos inerentes vêm-se desmoronar com a repentina destituição do governo no rescaldo das eleições presidenciais.

Aceita o desafio, à partida tida como impossível, de organizar a VI Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP. Todos os elementos objectivos pareciam jogar contra, mas a população se mobilizou, os jovens responderam ao chamamento, os ânimos foram apaziguados e os muitos antagonismos serenados − foi possível mobilizar a sociedade para aquela que foi considerada uma grande vitória para todo o povo guineense.

Concluída essa missão, aceita então o convite dos Bispos da igreja Católica, por sugestão do ex-Presidente Henrique Rosa e vai dirigir a Caritas da Guiné-Bissau na qualidade de Secretário-Geral.

Foram dois anos de muita aprendizagem da componente social do país, do sofrimento das pessoas e do enorme esforço que muita gente, dentre religiosos e leigos, desenvolvem a favor dos carenciados mas geralmente de forma inglória por falta do acompanhamento das estruturas oficias competentes.

V Congresso Extraordinário do PAIGC, em Morés, um Congresso não eletivo que a pretexto de revisão dos Estatutos para a “Reafirmação e Estabilidade do PAIGC” serviu no essencial para cumprir calendário e preparar o Congresso ordinário. Era perceptível as movimentações na ala “governante” do partido, mas tudo de forma muito sigilosa. Ocorreram entretanto duas situações: DSP é indigitado pelo Presidente da República ao cargo de Secretario Executivo da CPLP e; Carlos Gomes Júnior anuncia andidatura
à sua recondução enquanto presidente do partido.

No Congresso de Gabu é eleito membro da Comissão Permanente do Bureau Político do PAIGC e, mesmo compreendendo a importância dos desafios futuros, mantém a determinação de cumprir a missão conferida meses antes pelo presidente da Republica – Secretário Executivo da CPLP.

Sai em Setembro de 2008 e se dedica ao cumprimento da missão deSecretariado da CPLP tentando emprestar ao país uma visibilidade mais positiva, mas mantém assídua presença, partilhando suas ideias quanto ao formato e os mecanismos de estabilização do país e de promoção do desenvolvimento.

Durante os quatro anos de mandato, apostou na afirmação da organização no plano internacional e junto da sociedade civil; desenvolveu ações concretas de parceria e cooperação nos mais variados domínios; não descuidou da importância do português e da cultura que une e diversifica a identidade dos povos da CPLP; contribuiu para um maior envolvimento da CPLP no esforço de democratização dos Estados membros e assumiu sem reservas a tendência natural de alargamento; e terá proferido mais de uma centena de conferências, sobretudo em universidades, mas também junto de fundações, associações e demais entidades.

Paralelamente, Domingos Simões Pereira reconheceu a importância de se dotar ainda melhor tecnicamente, e por isso a inscrição no programa de Doutoramento em Ciências Politicas e Relações Internacionais na Universidade Católica Portuguesa para o qual já concluiu a frequência académica e agora começa a formulação da tese.

É premiado Personalidade Lusófona do Ano, pelo pelo Movimento Internacional Lusófono.

É eleito Presidente do PAIGC, no VIII Congresso de Cacheu.

É este em resumo o percurso técnico e político de Domingos Simões Pereira. É este manancial de feitos e factos que o convencem de ser parte das soluções que se oferecem ao PAIGC, o partido que o formou politicamente e que o ofereceu as primeiras oportunidades de formação técnica. Um partido cujos principais veteranos conhece particularmente bem por os ter servido no passado, mas com cuja juventude se identifica profundamente o que lhe confere competência e sensibilidade para assegurar uma transição geracional tranquila, de dignidade e respeito para uns e de oportunidade e realização para outros.

Domingos Simões Pereira também se considera devidamente inserido no circuito internacional para levar e saber transmitir uma mensagem credível e mobilizadora, capaz de convencer os parceiros a dar uma chance ao país e aos guineenses.

1 comentário:

  1. coragem, boa sorte, boa continuidade e que deus te abençoe.Viva o povo marterizado ja a 40 anos.

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