sábado, 25 de outubro de 2014

MIGUEL TROVOADA, REPRESENTANTE ESPECIAL DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU EM BISSAU, APONTA REFORMA DAS FORÇAS ARMADAS ESSENCIAL PARA A PAZ NA GUINÉ-BISSAU


Lisboa - O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau apontou hoje (sexta - feira) a reforma das Forças Armadas como essencial para "a estabilidade e paz" naquele país, apesar de os parceiros internacionais ainda não terem assegurado o financiamento da medida.

Miguel Trovoada, representante especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Guiné-Bissau, falava hoje (sexta-feira) à Lusa após uma audiência com o Presidente da República português, Aníbal Cavaco Silva

Questionado sobre se está assegurado o financiamento da reforma das Forças Armadas guineenses, estimado em 80 milhões de dólares (63,2 milhões de euros), o responsável disse que "não está totalmente" garantido, mas lembrou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) já manifestou "disponibilidade em apoiar". 

"Acho que os outros parceiros também estão convencidos de que é fundamental, porque a reforma das Forças Armadas é a primeira das reformas que importa fazer para que possa potenciar um clima de estabilidade e paz que permita o relançamento das atividades económicas para o desenvolvimento do país", considerou. 

Outra das preocupações em relação à Guiné-Bissau é evitar a propagação do vírus do Ébola ao país, que se tem mantido imune, apesar da epidemia que afeta alguns países da África Ocidental. 

"Há medidas preventivas que estão a ser adoptadas, tanto pelo Governo como pelas Nações Unidas, apoiando os esforços do Governo. Pensamos que há consciência dos países africanos, não só os afectados, mas todos os outros, do perigo deste vírus e estamos convencidos de que todos os parceiros trabalharão para reforçar a capacidade de resposta da Guiné-Bissau na eventualidade, esperemos que não venha a acontecer, de um caso no país", considerou. 

Sobre o encontro de hoje com o Presidente da República, Miguel Trovoada explicou que se inseriu nos contactos que tem estabelecido com parceiros bilaterais e multilaterais para abordar o futuro da Guiné-Bissau. 

Depois de "um período difícil, de uma grande instabilidade", as eleições legislativas e presidenciais permitiram "o estabelecimento da normalidade constitucional", salientou, acrescentando que, "desde então, pensa-se que a página deve ser virada para o futuro". 

"Há uma estabilidade no país, há um clima de largo consenso nacional e agora o Governo prepara-se para implementar programas que são fundamentais para o desenvolvimento nacional. É nessa perspectiva que também estamos a contactar com todos os parceiros da Guiné-Bissau, porque como parceiro também no desenvolvimento do país, necessitamos de conhecer o que pensam os outros e transmitir-lhes também a nossa posição", referiu. 

Miguel Trovoada recordou que, nos próximos dias 13 e 14 de Novembro, estará na Guiné-Bissau uma missão de avaliação estratégica das Nações Unidas para "definir a natureza, a modalidade e os objectivos fundamentais" da actuação da ONU

É no quadro do apoio multilateral que o representante da ONU também vê a reunião extraordinária de ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre na próxima semana na Guiné-Bissau. 

O encontro, considerou, servirá para a "afirmação política de apoio à Guiné-Bissau", admitindo que seja também abordada a realização de uma mesa redonda entre os parceiros, que deverá realizar-se na primeira quinzena de Fevereiro do próximo ano. 

Miguel Trovoada, antigo Primeiro-ministro e Presidente de São Tomé e Príncipe, e pai de Patrice Trovoada, líder do partido Acção Democrática Independente, que venceu as eleições de 12 de Outubro com maioria absoluta, conquistando 33 dos 55 lugares do parlamento são-tomense, escusou-se comentar a situação política no seu país, invocando estar em Portugal na qualidade de representante de uma organização internacional. 
portalangop

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