quarta-feira, 4 de outubro de 2017

«EM MOÇAMBIQUE» DSP DO PAIGC DISCURSA NO XI CONGRESSO DA FRELIMO



“Estive em Moçambique onde participei nos trabalhos do XI Congresso da FRELIMO e tive a oportunidade de proferir o seguinte discurso:
Camarada Presidente Filipe Jacinto Nyusi,
Presidente da FRELIMO e da República de Moçambique,
Camaradas Delegados ao XI Congresso da FRELIMO,
Ilustres Convidados,
Autoridades Nacionais e Estrangeiras,
Camaradas!

Respondendo ao convite que o Camarada Presidente teve a amabilidade de me endereçar, Venho com enorme satisfação pessoal, apresentar as felicitações do partido irmão, o PAIGC, e de todo o povo da Guiné-Bissau ao XI Congresso da FRELIMO desejando-lhe os maiores êxitos.

Contudo, ao entrar a primeira vez neste enorme salão e testemunhar o nível da mobilização, este entusiasmo contagiante e ainda as presenças ilustres de entre muitos, do Camarada Marcelino dos Santos, da Camarada Graça Machel, do Camarada Joaquim Chissano e do Camarada Armando Guebuza, não me restam dúvidas nenhumas de que, aqui mora o povo Moçambicano, e que a FRELIMO é a história de Moçambique.
Parabéns Camarada Presidente, por cuidar dessa história e por nela reconhecer a responsabilidade de cuidar de Moçambique e assim da nossa história coletiva enquanto africana.

Parabéns FRELIMO pela clareza do pensamento coletivo e por dar provas de maturidade e determinação, pois mesmo reconhecendo fragilidades e insuficiências a superar, nunca hesitaram a colocar Moçambique, primeiro e antes de tudo e reservar uma votação contundente e inequívoca para renovar a liderança do Presidente Filipe Nyusi. Parabéns por mais esta lição de patriotismo e responsabilidade.
Camaradas Congressistas,
Queiram permitir que inclua nesta breve saudação, notas quase do foro pessoal, para confessar o afeto que me liga a Moçambique e a enorme alegria que é para mim voltar a estas lindas terras do Índico.
Com efeito, tive a primeira experiência de Moçambique enquanto Consultor do Banco Mundial para Infraestruturas tendo colaborado (com o Ministro Salvador Namburete) na preparação da reunião dos Ministros de Energia de África realizada em Maputo em 2007. Seguiu-se a experiência CPLP e as várias reuniões estatutárias aqui realizadas.
Aproveito por isso o ensejo para agradecer a amizade e permanente disponibilidade de todos os Moçambicanos com que direta ou indiretamente me cruzei nessa Odisseia, destaco naturalmente o Dr. Zeferino Alexandre Martins, a Dr.ª Luísa Dias Diogo, do meu amigo Embaixador Miguel Costa Mkaima e do meu sucessor e Camarada Murade Isaac Murargy. Não posso deixar de me lembrar das dezenas de Moçambicanos que conheci e com quem convivi em Odessa, Ucrânia, capitaneados pelo mano Domingos Diogo, presente nesta sala. Todos têm sido fiéis representantes dessa fraternidade que nos liga a Moçambique.
Contudo, o mais marcante, foram os convites para visitas académicas do então Reitor da Universidade de Lúrio Prof. Jorge Ferrão e posteriormente da Professora Elizabete Hardman da Universidade Católica (uma grande amiga de Moçambique) e que me permitiram conhecer Lichinga, Nampula, Beira e Quelimane. Permitiram-me conhecer Moçambique e comprovar o que sempre me pareceu obvio – Relevo físico e morfologia, Moçambique é a Guiné numa escala vinte e tal vezes amplificada.
Mas, também me permitiu conhecer o povo Moçambicano e admirar a sua tenacidade e perseverança em fazer face aos desafios, com dignidade e elevação.

Na minha passagem última, por Quelimane, acho que em 2011, ao admirar a forma prática e descomplexada como se aborda e se resolve por exemplo a questão do transporte urbano com todo o mundo e mesmo as Senhoras a usarem as bicicletas táxi, não hesitei em escrever e publicar, o que peço permissão para aqui citar:
Para o moçambicano, pelo menos de Quelimane (usar as bicicletas táxi) não é nada de extraordinário e encaixa no mais que evidente sentido de missão e focalização no essencial. O importante é chegar ao destino para trabalhar, para estudar ou para outras tarefas... Homens, jovens, crianças, mas sobretudo mulheres – do campo ou dos escritórios. 

Todos sem qualquer complexo, vão à vida de táxi, ou seja, de bicicleta. Este povo com a disciplina que tem, com prioridades tão bem estabelecidas, particularmente para a educação e a agricultura, e o empenho individual em subir e vencer, só pode dar certo. E quando de facto o gás, o carvão e mesmo o petróleo fizerem a diferença e se então alguém pretender serem esses os fatores do desenvolvimento eu espero lembrar e poder testemunhar, que vi este povo, na boa expressão brasileira, «tirar da pedra o leite que bebe».
Hoje (Nesse dia), na Universidade, íamos falar de Desenvolvimento e da Cooperação e visitar o processo evolutivo destes fenómenos na África Subsaariana e, se Deus quiser, continuar a admirar e aprender com este povo maravilhoso na sua humildade desconcertante...
Fim de citação.
Camarada Presidente,
Eis o sentimento que me anima regressando a Moçambique – continuar a aprender com a experiência deste povo maravilhoso.
E ainda nem disse que tenho dois netos aqui nascidos de uma sobrinha, que escolheu se fixar e viver em Moçambique.
Obrigado, pois, Camarada Presidente pelo convite, obrigado FRELIMO pelo acolhimento e receção.

Como sabe, a Guiné-Bissau, celebrou neste passado dia 24 de setembro, 44 anos desde que nas Colinas do Boé se proclamou o Estado Soberano e Independente da Guiné-Bissau. O PAIGC que completou 61 anos de existência, empenhado no processo de realinhamento aos princípios ideológicos definidos por Amílcar Cabral, voltou a essas origens para renovar o seu compromisso de realizar o sonho do fundador da nossa nacionalidade, e trago assim toda essa saudação fraterna do povo guineense, das colinas do Boé às matas de Cantanhez, do Cabo Roxo à Caravela.

Pelos laços de amizade e fraternidade que nos unem, sabemos da solidariedade indefetível do povo de Moçambique e da FRELIMO e que acompanham com preocupação a situação política prevalecente no nosso país. Confirmo tratar-se de uma situação deveras complicado, até porque inventada, provocada e agora sustentada com a intenção de sequestrar o Estado Democrático e instaurar um regime de ditadura.

O PAIGC compreende muito bem esse risco, razão porque faz um uso cuidado das instâncias e modalidades da luta, escolhendo exclusivamente os recursos políticos e democráticos, que finalmente estão permitindo ao povo um claro discernimento da situação. Por isso, se por um lado a longevidade da crise pode desesperar e parecer um calvário ou um grande pesadelo, por outro, pode afinal converter-se na grande oportunidade do país virar a página de forma definitiva e construir a paz e a tranquilidade, e visar o desenvolvimento.

Também queremos assegurar, Camarada Presidente, que contrariamente ao que certa opinião interna e externa tenta passar, sobretudo aquela controlada pelo Palácio da República, o PAIGC vive dos momentos mais auspiciosos, em que os órgãos internos estão revitalizados e firmes na defesa intransigente dos princípios do partido e dos valores universais da moral e da ética – a disciplina partidária e a mobilização para defender o bem comum e o respeito pela escolha da maioria. Estes são por muitos, tidos como requisitos estranhos pois durante demasiado tempo emperrou a anarquia, a intriga e a chantagem.
Hoje o PAIGC está pronto a dar garantias ao povo guineense de, vencer as próximas eleições e poder cumprir com a sua missão histórica de construir uma nação estável e próspera. Eis porque perturbadas todas as franjas que estão presentes hoje no sequestro do Estado e no aproveitamento bárbaro do erário publico. Vêm contados os dias dessas práticas criminosas e se mobilizam para resistir até ao fim e tentar todos os argumentos para manter o status quo. Mas, como já referi, para seu desespero, vêm o povo guineense cada vez mais esclarecido e cada vez mais determinado a enfrentar e resolver o problema, graças à clareza da postura do PAIGC.

Também nesta componente queremos nos inspirar do exemplo de Moçambique, da FRELIMO e do seu líder, o Camarada Filipe Nyusi. A capacidade de proteger Moçambique e defender sem reservas os interesses soberanos do povo Moçambicano, são referências encorajadoras dos valores que nos dignificam.
Os nossos partidos são históricos e têm uma responsabilidade acrescida para com o povo, não podendo admitir distrações no cumprimento das suas missões.
Seja-me por isso ainda, permitido usar desta tribuna para felicitar o nosso irmão e Camarada João Lourenço, Presidente de Angola assim como ao Camarada José Eduardo dos Santos, Presidente do MPLA.

Felicitar em suma o povo irmão de Angola por mais esta demonstração de competência e maturidade em solucionar de forma ordeira e pacífica, situações que muitos já vaticinavam como potencialmente de rutura.

Camarada Presidente, Camaradas Congressistas,
Temos de assumir consciência da dimensão da tarefa que nos incumbe implementar. Renovo então o apelo a um maior estreitamento das relações entre os nossos partidos históricos e da libertação, tanto no quadro dos PALOP+Timor Leste como a nível africano, por exemplo na família continental da Internacional Socialista.
Aproveito finalmente para indicar que o próximo Congresso do PAIGC será nos inícios de 2018 e que seremos muito honrados em contar com a presença da FRELIMO e da sua direção esperando que se proporcione ainda ocasião para o reforço dos laços de amizade e cooperação.
Desejo, pois, os maiores sucessos aos trabalhos deste XI Congresso e que as suas resoluções venham reforçar o partido, e prepará-lo para os desafios futuros sempre na senda da satisfação das legítimas aspirações do povo de moçambique.
UNIDADE, PAZ E DESENVOLVIMENTO FRELIMO, A FORÇA DA MUDANÇA
Viva a FRELIMO
Viva a Cooperação FRELIMO – PAIGC
Viva a amizade entre os povos de Moçambique e da Guiné-Bissau.
Bem hajam!”

Conosaba/Notabanca


Sem comentários:

Enviar um comentário