quinta-feira, 12 de outubro de 2017

«OPINIÃO» GUINÉ- BISSAU, UM PAÍS COM RIQUEZA NATURAL, COM QUADROS QUALIFICADOS, MAS SEM DESTINO.



Fala-se bastante do desenvolvimento da Guiné-Bissau, sendo geralmente apontado como principal preocupação os nossos políticos e governantes; contudo, na realidade, essa preocupação não tem passado do campo das palavras. Muita das vezes, a verborreia leva-nos a confundir o verdadeiro estado de desenvolvimento do nosso país. Não podemos ser conformistas, exibindo o Nacionalismo como slogan para um dos países do mundo com o mais baixo índice de desenvolvimento. O nível elevadíssimo de populismo não é a melhor forma para exibir a nossa identidade, antes, o primordial é encarar com seriedade a "Guineensidade".

O povo da Guiné-Bissau, a nosso ver, é mais emocional do que racional, sendo, por isso, premente uma mudança de mentalidade. A base fundamental para o desenvolvimento de um país é a clarividência do povo, não a sua cegueira. Para que isso seja possível, é necessário que este tenha acesso a uma educação e formação de qualidade, o que não tem acontecido de uma forma geral.

É lastimável ver um país como o nosso, com uma natureza rica e uma população enérgica, com quadros qualificados, mas com um destino tão atrapalhado, o que nos leva a concluir que a maior parte das pessoas com formação e que ocupam cargos de destaque no nosso país não age em conformidade.

É óbvio que, para assumir uma determinada responsabilidade, é necessário ser responsável. No entanto, para se ocupar cargos públicos, é bom reunir todos os requisitos indispensáveis, a fim de poder-se responder afirmativamente, ou seja, para além da formação académica, é imprescindível uma boa formação cívica; não basta a competência profissional, é imprescindível uma dose qualitativa de Moral. A Moral é absolutamente necessária para quem pensa seguir uma carreira política.

A política só terá uma função positiva quando todos entenderem profundamente a sua utilidade e finalidade, que é promover o Bem Comum. Não é apenas um simples campo de treino para amadores ou um buraco sem fundo para granjeadores, pois não deve servir apenas para enriquecer quem dela se utiliza, mas, antes, quem se dedica à política deve servi-la para enriquecer o seu país. A política é uma ciência que deverá retornar à sua essência. E devemos abdicar da escolha aleatória dos nossos dirigentes.

Estamos cansados das notícias que ouvimos desde a infância sobre a Guiné-Bissau. Toda a hora é crise política, a qual também tem impedido o desenvolvimento do país. Muitas pessoas falaram e muitas escreveram a respeito da situação da Guiné-Bissau, o que tem o seu mérito pois é preciso que saibamos pensar para que possamos tomar consciência do que é preciso fazer; todavia, não basta para a mudança, se não for acompanhada de uma ação séria, essa sim, imprescindível para transformar a realidade. 

Dizia Karl Marx aos contemporâneos filósofos: «até agora os filósofos preocuparam-se em interpretar o mundo de várias formas, o que importa é transformá-lo». Nesta ótica dizemos: já bastam as inúmeras interpretações sobre a Guiné-Bissau, o que importa é fazê-la sair do marasmo em que se encontra. Gastamos mais tempo e energia a discutir teorias, sem executar programas rentáveis para o progresso do país.

Enquanto não começarmos a gerir com seriedade aquilo que a natureza nos ofereceu, provavelmente vamos continuar a remar contra a maré.

A maturidade consiste em saber separar as coisas. Queremos a verdade, a justiça, a paz, mas ninguém ousa utilizar estes instrumentos salutares.

Para que haja estabilidade total na Guiné-Bissau, é preciso mudar de paradigma, os políticos e governantes devem respeitar o património do país e geri-lo em prol do desenvolvimento e do bem comum e o povo deve aceder à educação e acreditar que é possível a mudança, trabalhando e colaborando todos com convicção para o bem do país. 

Rafael Vieira.

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